Olá,
fazendo uma pesquisa sobre Folclore
encontrei um trabalho bem completo e interessante desenvolvido por estudantes
do curso de Pedagogia das Faculdades Porto-Alegrenses, sob a orientação da
Profª Dra.Márcia Amaral Corrêa. São elas Adriane Cachambu, Alda Maria Branco
Carlos, Andréia Costa Fratini, Denise Rezes Fernandes,Luciane G. Zachazeski,Tatiane
Rocha,Tatiane Spolavori.
O título do trabalho é O FOLCLORE E A EDUCAÇÃO. Aqui estarei
postando apenas um recorte do trabalho. Quem tiver interesse e oportunidade
acesse o LINK e confira o trabalho na íntegra.
Considerando
que as tendências pedagógicas mais recentes consideram a importância
da valorização do contexto sociocultural da criança para a sua melhor aprendizagem,
pensamos em abordar o conceito e o reconhecimento do trabalho pedagógico
com base nas manifestações do saber popular, o folclore. Para um melhor
entendimento, serão discutidos seu conceito, características e sua relação com
a educação.
Para
tanto, faz-se necessária a identificação do significado da palavra folclore,
que tem sua origem na língua inglesa: “folk” = povo e “lore” =conhecimento.
Logo, podemos entendê-lo previamente como o conhecimento que vem do povo, ou
popular. Atualmente, em alguns países, cultiva-se a idéia de que faz parte do folclore
apenas o que pode ser transmitido através da linguagem oral e informal, e não
dentro do ambiente escolar. No entanto, a Constituição Federal Brasileira
expressa, em seus artigos 215 e 216, o seguinte:
Art. 215: O Estado garantirá a todos o pleno
exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e
apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais;
Art. 216: Constituem patrimônio cultural
brasileiro os bens materiais e imateriais,tomados individualmente ou em conjunto,
portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e
tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos,
edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
científico.
Nesse sentido, as
crenças, lendas, costumes e tradições são bens imateriais, que compõem o
patrimônio cultural; logo, estão protegidos juridicamente pelo texto
constitucional citado. Trata-se assim de bens
imateriais difusos de uso comum do povo e que podem ser protegidos pela ação
civil pública através da Lei 4.3/85. A mitologia, as crendices, as lendas, os
folguedos, as danças regionais, as canções populares, as histórias populares,
os costumes populares, a religiosidade popular ou os cultos populares, a linguagem
típica de uma região, a medicina popular, o artesanato etc., fazem parte do patrimônio
cultural brasileiro, sendo representado através das manifestações folclóricas.
No Brasil, há um
consenso quanto a esse reconhecimento, pois estudiosos entendem que folclore é
o conjunto de manifestações de caráter popular de um povo e constituem fato folclórico
as maneiras de pensar e agir desse povo, preservadas pela tradição popular e
pela imitação transmitidas de geração a geração. O fato folclórico tem uma série
de características próprias: a primeira é o anonimato, isto é, não tem autor
conhecido, não foi feito por alguém especificamente; a segunda característica é
a aceitação coletiva, que despersonaliza o autor. O povo, aceitando o fato,
toma-o para si, considerando-o como seu, modifica-o e transforma-o, dando
origem a inúmeras variantes. Assim, uma história é contada de várias maneiras,
uma cantiga tem trechos diferentes na melodia, os acontecimentos são alterados
e o próprio povo diz: "Quem conta um conto acrescenta um ponto". A
mesma coisa acontece com as danças, os teatros e a técnica. Tudo pode ser modificado,
porque o povo dança, mas suas danças não têm regulamento. A terceira característica
é a transmissão oral, isto é, a que se faz de boca em boca. A quarta característica
é a tradicionalidade, não no sentido de um tradicional acabado, coisa passada, sem
vida, mas de uma força de coesão interna que define o modelo do conglomerado,
da região, do povo, e lhe dá uma unidade. Sem se poder valer de outros
expedientes, como professores, escolas, imprensa, as pessoas do povo se valem
da tradição, veiculada pela transmissão oral, a fim de resolver suas situações,
buscando na lição vinda do passado o que precisam saber no presente. Por fim, a
quinta característica é a funcionalidade: tudo quanto o povo faz tem uma razão,
um destino, uma função. O povo nada realiza sem motivo, sem um determinante
estritamente ligado a um comportamento, a uma norma psico-religiosa-social,
cujas origens talvez se perderam nos tempos. A cultura popular pode intervir
como elemento moderador no processo cultural, pois dispõe de instrumentos
próprios para o equilíbrio necessário ao seu harmônico desenvolvimento, já que,
como diz Carneiro (apud BRANDÃO, 1982, p. 84) “A valorização do folclore, o
reconhecimento da importância das manifestações populares na formação do lastro
cultural da nação, constituem procedimentos capazes de assegurar as opções
necessárias ao seu desenvolvimento”.
Dessa forma, é
preciso uma reflexão na formação docente, bem como em sua prática, tendo em
vista que esse assunto tem suscitado dúvidas quanto a sua aplicação no contexto
escolar. Há uma falta de conhecimento por parte dos professores, diretores e
corpo docente sobre a especificidade do tema.Normalmente esse assunto é
abordado com os alunos somente em agosto, mês em
que se comemora o folclore. Essa abordagem,
quase sempre superficial, embasa-se em livros didáticos, que, na maioria das
vezes, encontram-se desatualizados, demonstrando, dessa forma, um trabalho
estanque e descontextualizado da realidade. O folclore ainda não é visto como
parte da vida de todos nós. Há uma certa resistência em aceitá-lo, pois, além
de ser visto como uma curiosidade, é considerado por boa parte dos indivíduos
como um atraso. A ideia que se tem é de que o mesmo é algo do passado, que
conserva os costumes, tradições e lendas de um povo. Ele não é analisado como
um imenso leque de temas que fazem parte da nossa cultura, uma cultura que está
em constante processo de transformação. Precisamos mudar esta realidade e
partirmos do pressuposto de que o folclore é uma cultura viva e dinâmica, que faz
parte do nosso cotidiano, embora muitas vezes passe despercebido e seja visto
somente nos aspectos ligados a superstições e crendices. Ele se estende a muito
mais do que isso: podemos encontrá-lo na linguagem, nos gestos, no lúdico, nas
vestimentas, na literatura, na medicina. Seu campo é muito vasto. E é a partir dessa
amplitude que o professor deve apropriar-se do folclore e levá-lo para a sua sala
de aula.
Acesso
em 29/07/2012.
3 comentários:
Olá, querida Pati
Já fiz muita festinha de folclore quando estava na ativa... bom demais!!!
Seja feliz e abençoada!!!
Bjs de paz
Querida amiga
Penso que viver
é semear com palavras,
imagens e sonhos,
palavras que acordem
o belo,
o justo
e o melhor do mundo
em outras vidas.
Que este seja o nosso
compromisso com a vida
Aluísio Cavalcante Jr.
Adorei os comentários!
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